UMA ANÁLISE DAS REPERCUSSÕES SOCIOESPACIAIS DAS CHUVAS INTENSAS OCORRIDAS EM JANEIRO DE 1975, NO MUNICÍPIO DE TEIXEIRAS, NA ZONA DA MATA MINEIRA.
O município de Teixeiras-MG, localiza-se na Zona da Mata Mineira, registra uma população de 11.140 habitantes, de acordo com o último censo de 2000, sendo 65% urbana. No entanto, na década de 1970, quando a população residente na mancha urbana não alcançava a 3.000 habitantes, foi quando ocorreu a maior enchente do Ribeirão Teixeiras, que nasce na divisa com o município de Pedra do Anta, atravessa a mancha urbana de Teixeiras até desaguar no rio Piranga, divisa com Guaraciaba, nível de base regional do processo de dissecação do relevo. Os prejuízos foram muito grandes e a área central e nas proximidades do córrego do sapo foram os locais mais afetados. A partir da identificação do acontecido, por meio de entrevistas informais com a população, interessou-nos encontrar as razões para tal acontecido. Uma vez que novas questões surgiram, tais como: Como uma inundação pode ter ocorrido se o Ribeirão atualmente tem baixa vazão? Quais agentes estão envolvidos? Será que apenas o total de chuva diário era capaz de promover uma inundação de grandes proporções? Quais impactos foram gerados? Essas questões poderiam não ter sentido, uma vez que, uma área urbana com uma densidade demográfica não tem grandes chances de apresentar problemas dessa natureza. Mas, para efetivar nossa investigação, utilizaram-se os dados pluviais da Agência Nacional das Águas, bem como, o levantamento do perfil longitudinal do Ribeirão Teixeiras, com objetivo de traçar o mesmo antes e depois do boom da urbanização no final da década de 1980, associado à entrevista com moradores históricos e documentos obtidos dos moradores, que comprovam o estado de calamidade instalado naquele momento, mas que hoje não voltou a ocorrer.
DESVELANDO A PAISAGEM ATRAVÉS DA MEMÓRIA
As tentativas de reaproximação entre a Geografia Física e Humana, muitas vezes tem mostrado que juntas, há uma melhor compreensão do real. Tal esforço transparece com a revalorização do conceito de paisagem. Esse trabalho faz parte do projeto de extensão “Paisagem e Memória: Reconstruindo a Geohistória do município de Teixeiras-MG”, que vem sendo realizado desde 2010, na Escola Estadual Dr. Mariano da Rocha e, recentemente, estendido ao município de Viçosa. Através do trabalho de pesquisa e extensão, o projeto procura promover uma releitura do lugar e do processo geohistórico de formação da paisagem da Zona da Mata Mineira, tendo como área amostral os municípios citados. Ao utilizar a memória como um instrumento de reconstrução e informação, o intuito foi de reapresentar aos seus habitantes sua própria geohistória, a fim de que possa despertar uma revalorização e redescoberta das origens e das causas de problemas que vivenciam nos dias de hoje, bem como, auxiliar a melhor compreender o processo de formação da paisagem e os impactos das ações humanas no meio rural, que concentra a maior parte da atividade econômica. Para a realização do mesmo, primeiramente, foram feitas coletas de informações por meio de entrevistas semi-estruturadas, optando por direcionar o público alvo a população histórica (acima 40 anos de residência), seguidos de trabalhos de reconhecimento da área e um levantamento bibliográfico. Dentro dos resultados preliminares, constatou-se a falta de um acervo público dos documentos históricos, o que inviabiliza a busca de registros oficiais, o que nos obriga a recorrer a outros arquivos. Além da falta de interesse dos moradores em preservar a memória, uma vez, que o município tem uma dinâmica política de apagar ou desvalorizar as realizações do grupo político opositor, criando um esquecimento coletivo dos fatos e problemas que um dia ocorreram, mas sempre são vistos como novos.
PALAVRAS-CHAVE: PAISAGEM, MEMÓRIA, IDENTIDADE.
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