No
inicio desse ano varias cidades da Zona da Mata mineira sofreram com as chuvas.
Ponte Nova, pela bacia do Rio Doce e Visconde do Rio Branco, Rio Pomba e Ubá
pela bacia do Rio Paraíba do Sul, mas Guidoval, também na bacia do Rio Paraíba
do Sul, foi a mais afetada entre elas.
Guidoval é uma cidade de pequeno
porte, possuindo mais de 7 mil habitantes. A cidade é cortada pelo Rio Xopotó
que segue até a divisa dos municípios de Astolfo Dutra e Dona Eusébia, onde
desagua no Rio Pomba. Segundo relatos de moradores da cidade, concebidos em um
trabalho de campo realizado no dia 4 de Maio de 2012, na década de 40 do século
passado houve uma grande enchente, após isso em 1976, a cidade voltou a sofrer
com a cheia do rio Xopotó. Em 2008 aconteceu a maior enchente registrada na
cidade até então. Agora no inicio do ano de 2012, mais especificamente na manha
do dia 2 de Janeiro, o nível do rio subiu assustadoramente, chegando ao maior
nível registrado na história.
A parte central da cidade foi muito
afetada, casas foram destruídas, outras tantas foram condenadas e a ponte da cidade
foi levada pela enchente. Após tanta devastação, a cidade está conseguindo se
reerguer. Os moradores quase não reclamam da prefeitura, dizendo que ela deu
total assistência a população, a ajuda externa foi gigantesca, as cidades da
região, melhor dizendo as pessoas das cidades da região, se comoveram com a
situação de Guidoval e a ajuda foi imensa, tanto que todas as pessoas
perguntadas sobre essa ajuda disseram que não faltou nada devido à ajuda. A
Sociedade São Vicente de Paula, um movimento católico com a função de “... aliviar
o sofrimento do próximo, em particular dos social e economicamente mais
desfavorecidos, mediante o trabalho coordenado de seus membros.”, criou o SOS
Guidoval com o intuito de receber doações em dinheiro a partir de uma conta em
banco, para ajudar os afetados da “catástrofe”, sendo o diretor desse programa
de ajuda o Padre Paulo Kawalczyc, que logo após o acontecido abriu as portas da
igreja para a população desabrigada.
O rio Xopotó chegou subir 15 metros
do seu nível normal, segundo um morador, em 2008 o rio chegou a um ponto na
parede, em 2012 a partir do ponto anterior ele mediu e viu que dessa vez a agua
chegou 1,80 m a mais. Existem casos de pessoas que saíram da cidade depois da
enchente com o medo de acontecer um evento da mesma magnitude futuramente,
outros disseram que compraram lotes em partes mais altas da cidade para
construir uma casa em um local alto, aonde a agua não chega. Uma senhora me
disse que em 2008 a foi decretado estado de calamidade publica na cidade, porem
em 2012 onde os danos foram maiores a cidade decretou apenas estado de
emergência.
A insegurança é notável na população
de Guidoval, a maioria das pessoas acha que se fosse feito um estudo, ou alguma
obra para amenizar os riscos de enchentes, o desastre poderia ter sido amenizado,
porem me chamou a atenção um senhor de 73 anos, onde ele disse que nenhuma obra
ou estudo poderia evitar o desastre desse ano, de tão monstruoso que foi o
acontecido, ele também relatou que o desastre só não foi maior porque a
inundação veio pela manha, que se tivesse vindo pela madrugada muitas pessoas
seriam pegas de surpresa em suas casas.
Entre a população existe o
comentário que a abertura de uma comporta de uma barragem em Ervália (município
pertencente tanto a bacia do Rio Doce, quanto a bacia do Rio Paraíba do Sul)
poderia ter ajudado para tamanha destruição, porem existem especialistas que
confirmam que a suspeita não procede, mas a hipótese mais forte, é que em
Pombal na zona rural de Guidoval houve um represamento de agua em uma ponte que
foi “entupida” por materiais trazidos pela agua e quando essa “barragem” se
rompeu e aconteceu a grande devastação.
É incrível como a cidade esta
empenhada em recuperar os danos, onde você passa você vê pessoas reformando as
casas atingidas, hoje são poucas as casas que ainda tem a marca da enchente, o
governo esta mudando a estrada de chegada à cidade para a construção de uma
nova ponte, uma ponte grande e visivelmente muito mais segura que a ponte
existente antes e a construção está sendo rápida, existem pessoas que trabalham
como voluntarias para ajudar pessoas a recuperar suas casas. O que se vê em
Guidoval deveria servir de lição para o resto do país, um povo que após uma
tragédia se uniu para a reconstrução da cidade, além do povo também existe um
esforço visível dos governantes (não sei se municipal, estadual ou federal)
para ajudar a cidade a se reestruturar.
A
cidade em geral é grata às forças armadas brasileiras que deram total apoio, o
exercito, construiu uma ponte provisória no lugar da antiga ponte, a marinha
ajudou a reforma da escola. O corpo de bombeiros de Ubá também foi muito
elogiado pelo trabalho feito e um relato de uma moradora chamou muita atenção
ao dizer que ela estava no terraço de sua casa, quando por telefone ela
conversou com seu filho que estava fazendo o resgate das pessoas por
helicóptero que disse a ela que não era para se preocupar porque ela estava
segura e antes de resgatá-la, ele tinha que resgatar outras que estavam em
situações de serio risco, mostrando o profissionalismo de seu filho.
Foram
registradas duas mortes e para os moradores foi um numero baixo, tomada as
proporções do evento.
Vendo
a cidade da parte alta, você vê que uma boa parte se localiza no leito maior do
rio, existindo construções ocupando até mesmo parte do leito menor do rio,
locais de extravasamento natural. Esperamos que a cidade reveja sua ocupação
para que se possam amenizar futuros desastres.
Matéria bastante interessante, mas para aqueles que acompanharam e até mesmo vivenciaram toda a situação, não concordo com certos trechos da matéria.
ResponderExcluirApenas um entrevistado de cunho político de direita poderia afirmar que a prefeitura deu total assistência à população. Não sou de esquerda, apenas gostaria de relatar o que realmente se observou e se observa até hoje. A prefeitura muito pouco fez pela população. A ajuda real veio de cidades vizinhas, do corpo de bombeiros, Marinha, Exército, IEF, Sociedade São Vicente de Paula, entre outros, inclusive órgãos do governo.
Faltou iniciativa por parte da prefeitura na busca por recursos, por projetos. Faltou estar inclusive em dia com certos documentos que eram necessários para liberação imediata de recursos.
Prova disso é que, passados praticamente 6 meses, a única coisa que mudou no cenário foi a construção da ponte que dá acesso à cidade (que foi construída com recurso estadual). Falta recurso do governo? Sim. Mas falta vontade por parte dos poderes locais também.
Matéria bastante interessante, e como guidovalense ficamos satisfeitos com a atenção dada à pequena cidade. No entanto, faltou uma avaliação crítica da situação, uma vez que uma visita à cidade é suficiente para perceber que as coisas não estão tão boas como relatado no texto acima...
De qualquer forma, como guidovalense, agradecemos o espaço no blog.