quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Novo Relatório do IPCC - Clipping - FSP

Nos últimos 15 anos, a temperatura média da Terra parou de subir tão rápido quanto antes, mas isso não significa que a mudança climática esteja freando. Essa é a posição do governo brasileiro, que defenderá retirar do mais importante documento internacional sobre clima a menção ao chamado "hiato" do aquecimento global. O encontro que define o conteúdo final do quinto relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática). O relatório técnico do painel já está pronto, mas só será publicado após a edição final do "Sumário para Formuladores de Políticas", único anexo do relatório sobre o qual governos podem opinar antes da divulgação, marcada para a próxima sexta (27).

Em junho, um esboço final dessa parte do relatório foi enviado a delegações para comentários. O texto, que vazou para a imprensa, incluía uma frase com referência ao hiato: "A taxa de aquecimento ao longo dos últimos 15 anos (1998-2012; 0,05°C por década) é menor do que a tendência desde 1951 (1951-2012; 0,12°C por década)".

Explorada por negacionistas da mudança climática, essa flexão no gráfico de temperatura é descrita por alguns como mero ruído estatístico numa tendência clara de aquecimento no longo prazo. Autores do sumário não deveriam ter incluído um recorte arbitrário de 15 anos num documento que avalia um trajeto só visível em escala maior, defende um dos representantes do governo brasileiro perante o IPCC.

"Alguém escolheu para isso um determinado ano [1998] que foi um ano de El Niño e era mais quente que o padrão", diz Gustavo Luedemann, coordenador de mudanças globais de clima do Ministério da Ciência. "Isso é obviamente um erro metodológico e deixa o documento um menos contundente."

Luedeman, porém, considera a menção ao hiato apenas um equívoco pontual e diz crer que o relatório é incisivo ao culpar a humanidade pela mudança climática. Ainda assim, cientistas tentam entender por que o gráfico de temperaturas se achatou. Segundo Ed Hawkins, climatólogo da Universidade de Reading (Inglaterra) que tem estudado o fenômeno, há vários motivos, incluindo queda de atividade solar e erupções vulcânicas recentes, que tem efeito resfriador sobre a Terra.

"O terceiro fator é a variabilidade natural do clima, com mudanças importantes no Pacífico tropical", diz. "A energia extra entrando no sistema climático provavelmente está sendo armazenada no oceano profundo."




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