A Biogeografia é
uma área de estudo que contempla tanto a Geografia quanto a
Biologia, a qual múltiplos fatores se integram , deixando-a amplamente
discutida e até certo ponto complexa, o que ocasionou mudanças em seu conceito no
decorrer do tempo, devido a mudança na maneira de pensar de pesquisadores e
estudiosos.
Entre várias definições
do conceito de Biogeografia, acreditamos que seja melhor procurar o que mais
irá adaptar-se a finalidade de seu trabalho, desta forma destacaremos a
definição utilizada por Adler Guilherme Viadana no livro “BIOGEOGRAFIA: NATUREZA,
PROPÓSITOS E TENDÊNCIAS”, onde ele aponta que: “A biogeografia é um ramo do conhecimento científico que se fundamenta
de forma intrínseca com a distribuição , adaptação e explicação dos seres
vivos, sejam estes vegetais ou animais nos mais diferentes lugares da
superfície da terrestre.” e complementando-a com uma outra definição feita
por TROPPMAR,1987 onde o autor conceitua
biogeografia como “Estudo das interações,
da organização e dos processos espaciais, dando ênfase aos seres vivos
–vegetais e animais- que habitam o determinado local: o biótopo, onde
constituem geobiocenoses”.
O
que iremos relatar e discutir se encaixa nas falas dos autores citados
anteriormente, principalmente devido a questão de organização e processos
espaciais tanto de animais – onde o homem está inserido – e vegetais. O tema
veio a tona, após uma
curiosidade que foi levantada dentro
de um documentário feito pela National Geografic, sobre ataques de leões a
populações localizadas no sul da Tanzânia , na África. Nele, o pesquisador expõe
uma situação onde cerca de 140 ataques de leões ocorreram às margens do Rio
Rufidi dentro de 1(um) ano,
e já foram registradas ao longo dos anos
cerca de 600 mortes devido a ataques dos mesmos. Um número exorbitante em relação a qualquer outra área que
tenha humanos e leões vivendo próximos. Após as pesquisas e investigações, o
pesquisador acaba percebendo que os ataques aconteciam justamente nesta área,
por ela ter uma alta concentração de “porcos selvagens” o que atraia os leões para perto das tribos, porém a
explicação para este fato, será de tudo “inusitada”.
Com os
conhecimentos adquiridos em Geografia,
logo podemos observar que o problema com os felinos, poderia ser devido à ocupação
de um mesmo território, o que acarreta
conflitos. Pois, as tribos que habitam a localidade que são de origens muçulmanas
e sobrevivem da agricultura, estas estão estabelecidas nas margens do Rio, devido
a fertilidade que esses depósitos podem oferecer. Já os leões, poderiam também
ocupar esta área por seu próprio extinto de criar um território devido a
reprodução, comida e água disponível.
Porém, este não era o fator preponderante da questão.
Outra hipótese
que poderia ser levantada é devido a ocupação humana espalhar-se por grande
parte do espaço. Com isso os animais poderiam estar se sentindo acuados e atacando
os seres humanos. Entretanto
está não seria a questão, pois existe um outro mecanismo criado pelos homem,
que irá contribuir para a harmonia do ambiente. Nesta área há uma grande
Reserva Natural, onde os leões poderiam se estabelecer, e sobreviver
perfeitamente devido a abundancias de presas.
Assim,
algumas análises que nós geógrafos
usamos para tentar estabelecer e encontrar diferenças e posteriores soluções , bem como o conhecimento das ligações entre homem, animais “selvagens” e vegetação,
ainda não foram capazes de explicar o
motivo do problema. Mas, um fator extremamente importante principalmente na Biogeografia que ainda não havia sido mencionado e que poderá
contribuir, é a chamada
“visão holística” que nós precisamos ter para compreender as diversas relações
existentes na natureza. Percebendo assim, que tudo acaba se integrando. O que
amplia a nossa visão possibilitando compreender como o chamado “x” da questão
foi resolvido. E o motivo pelo qual esta região da Tanzânia, possui tal conflito
entre leões e homens, é devido principalmente a “CULTURA” existente na região.
A cultura é “responsável”
pela grande quantidade de ataques na localidade, e a explicação não é nada
complicada. Está região, devido a
grande diversidade étnica africana ,
apresenta uma concentração elevada de tribos muçulmanas. Os muçulmanos por sua
vez não apreciam a carne de porco, muitas vezes evitando até o contato com os
animais , o que explica a elevada quantidade de porcos do mato na região , e
ainda não tendo o homem como predador natural como ocorre na maioria das outras
localidades. Neste local eles ainda encontram comida, principalmente devido a
agricultura desenvolvida pelos camponeses locais, fazendo com que os animais se
sintam protegidos. Entrando, é neste momento que os leões entram na história,
devido a grande concentração de porcos, eles são atraídos pela fartura de presas, e acabam muitas vezes
se deparando com pessoas que estão instaladas dentro das plantações em pequenas
casas chamadas de “DUMBUS” , afim de espantar os porcos, e acidentalmente
acabam encontrando leões no meio das plantações o que motiva os ataques.
Mostrando assim como os conhecimentos de
Biogeografia são
importantes para entender a integração existente no ambiente. E que, qualquer modificação nas
relações e no equilíbrio natural pode acarretar mudanças muitas vezes
conflituosas, como a situação que foi descrita no documentário, e que poderão
ocorrer em qualquer localidade em que homens, animais e plantas este estejam
habitando simultaneamente.
O documentário, de onde foi extraída a temática do texto , segue no link a baixo:
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