Segundo Magda Luzimar de Abreu (2006) professora da UFMG, na região tropical, no Hemisfério Sul, existem fenômenos que caracterizam uma interação entre as latitudes médias e as tropicais. O principal deles é a organização da convecção tropical, manifestada por uma banda de nebulosidade convectiva. Estas organizações tem sido estudadas por pesquisadores nos últimos 30 anos. Elas foram inicialmente, observadas na década de 70, em cartas de brilho médio extraídas de imagens do satélite meteorológico NOAA (radiação de onda longa – rol). Elas são denominadas Zonas de Convergência - ZC, tem direção preferencial noroeste/sudeste e são mais atuantes nos meses de maior convecção tropical (novembro a março). Elas são zonas semi-estacionárias e são consideradas entidades climatológicas através das quais calor é transportado, nos altos níveis, para o Pólo Sul. Existem três ZC no Hemisfério Sul: A Zona de Convergência do Pacífico Sul – ZCPS, a Zona de Convergência do Índico Sul – ZCIS e a Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS.
E neste final de semana prolongado, mais uma vez, ocorre a grande coincidência. Mais uma vez, quando há um feriado prolongado, a chuva persiste em aparecer. O que para o dia de finados, não é nenhuma novidade. Eu não me lembro de um ano que não tenha chovido.
Mas o processo de formação da ZCAS se iniciou no sábado à tarde, quando a frente fria chegou a cidade do Rio de Janeiro, no final da tarde. com fortes rajadas de vento na Zona Sul. (91 km/h - Forte de Copacabana) A chuva começou branda, se intensificou e parou duas horas depois. No dia seguinte (domingo), o tempo continuava fortemente nublado, mas o sol persistia em aparecer. Após fracassadas tentativas, o tempo começou novamente a fechar.
Porém, como estávamos no Rio de Janeiro com a turma de Geografia e Planejamento da UFV, percebemos que no caminho de volta a Viçosa-MG, o tempo parecia cada vez mais e firmar, porém, quando estávamos na altura de Juiz de Fora, por volta das 16 horas, o tempo começou a indicar mudança, através do ritmo e da dinâmica das nuvens. Mas, a formação da chuva ocorria na porção leste da rodovia BR-120. Tanto assim, que apesar de ver núcleos de chuva isolada, apenas pegamos chuva na altura de São Geraldo-MG, próxmo a Serra da Mantiqueira. Quando parecia que a chuva iria nos acompanhar até Viçosa, para nossa surpresa, a mesma já tinha ocorrido e não havia mais sinal de possibilidade de continuidade da mesma.
Contudo, na segunda e na terça-feira (finados), a pluviosidade retorna, oscilando sua intensidade ao longo do dia. Isso porque, ao longo da faixa de nebulosidade SW-NE, como pode ser visulalidado na figura ao lado existem vários pontos isolados de chuvas convectivas e tempestades, (representados por símbolos triangulares) que ocorrem ao longo da frente de nebulosidade, mas sem uma sincornia, até mesmo porque, os fatores regionais e locais interferem nessa dinâmica sobre os lugares.
De acordo com a previsão do CPTEC Nesta terça-feira (02/11) o padrão observado em altitude (anticiclone) e em nível médio (cavado), assim como o sistema frontal no oceano, condicionará a atuação da ZCAS nos próximos dias, pelo menos até a quinta-feira (04/11). Com o aumento da nebulosidade as temperaturas máximas poderão sofrer uma pequena queda, principalmente no Sudeste e sul da BA. Como esperado de configuração de ZCAS, no Nordeste e Sul do país haverá ausência de nebulosidade, enquanto este sistema atuar. Um pouco mais a sul da ZCAS e na faixa leste do Sudeste, poderá haver um pouco mais de nebulosidade devido a advecção de ar mais frio, e de sudeste que vem do oceano, respectivamente. Nas serras gaúcha e catarinense , com a entrada do anticiclone migratório, e principalmente a perda radiativa, as temperaturas mínimas estarão baixas na quarta-feira (03/11). À partir de sexta-feira (05/11) o padrão de ZCAS desconfigurará e poderão ocorrer pancadas de chuva em grande parte do país, exceto no Nordeste. Um sistema frontal, que deverá se formar na quinta-feira, à leste do RS atuará no oceano, mas deverá influenciar parte do Sul do país, e nas demais áreas a circulação ciclônica em altitude, juntamente com o padrão termodinâmico favorecerá a instabilidade. As principais diferenças entre os modelos numéricos de previsão de tempo são em relação ao posicionamento da ZCAS para 48hs, quando o ETA coloca a ZCAS mais a sul do que o modelo GFS. Em 72hs eles voltam a se aproximar. Em relação ao sistema frontal, há algumas discrepâncias no posicionamento para 120hs e de intensidade do ciclone extratropical associado para 96hs.
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