Bom
dia, a todos os leitores do Bioclima.
Neste
início de ano, novos desastres vêm assolar a sociedade brasileira, com ondas de
calor na região sul do Brasil e chuvas intensas, decorrentes da atuação da Zona
de Convergência Intertropical (ZCAS), que atingiu principalmente, o leste de
Minas Gerais e O Estado do Espírito Santo.
E
mais uma vez, acompanhamos pelo noticiário os mesmos chavões e frases feitas,
afirmando e reafirmando a necessidade de mudança e que a culpa não é minha, mas
de um processo histórico de desmandos. Porém, aqueles que dizem isto, ligados
ao poder executivo, compõem através de seus partidos a base política de grande
parte do s municípios brasileiros, que vem se arrastando por eleições bancadas
por atores sociais privados, capazes de potencializar candidaturas, que viram
reféns dos financiadores, que exigem a não exigência legal das leis de proteção
da natureza, da saúde e educação.
Realmente,
a situação nos remete a um cenário, em que não existe apenas vítimas e
culpados. Uma vez que, todos os agentes produtores do espaço são responsáveis
pela atual situação de crescente vulnerabilidade social e ambiental dos
ambientes urbanos e rurais.
E,
como as regiões atingidas quase sempre são as mesmas todo verão, os municípios
atingidos, quase sempre são os mesmos. O que acaba por criar uma situação de
conflito ambiental declarado na periferia dos meios urbanos, quase sempre
atingidas. E as soluções não acompanham as demandas locais, muito pelo
contrário. Ideias políticas mirabolantes e populistas, como a liberação do FGTS,
não resolve. Apenas dá um fôlego para famílias, que guardaram parte de seus
recursos depois de anos de trabalho assalariado, mas se estas pessoas voltam a
ser atingidas, o recurso do FGTS, deixa de existir, mas o problemas continuam.
Tal análise rápida permite demonstrar como governantes não pensam em políticas
de longo prazo, apenas de curto prazo, no máximo durante um ciclo eleitoral,
revisto a cada 2 anos.
Durante
o verão, todos os piores problemas ocorrem de uma vez. Por exemplo, Mesmo
durante o período de chuvas, é comum ocorrer veranicos, ou seja, períodos de
estiagem que duram entre 15 e 30 dias, tal fato, agrava a situação de
abastecimento de água, que tem seu consumo aumentado. Bairros mais longínquos do
sistema de distribuição de água sofrem mais, pois são os últimos a receberam
águas em suas casas, que muitas destas não têm reservatório, ficando dependente
da água da rua.
No caso na cidade do Rio
de Janeiro, a condição piora, quando se identifica que, no dia 3/1/2013, às 15h (sexta-feira),
seis das 10 estações meteorológicas que apresentavam as maiores temperaturas em
todo o mundo estavam no Rio de Janeiro. Outras três apontavam temperaturas de
outros estados brasileiros. A única temperatura calculada em uma estação fora
do Brasil ficava na cidade de El Vigia, na Venezuela, segundo o ranking elaborado
pelo meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC)
Giovanni Dolif, com base em informações colhidas por 4.232 estações em todo o
mundo acessadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Ao
contrário disto, as chuvas precipitam de maneira intensa e em pouco tempo,
produzindo um acúmulo de água tal, que não tendo condição de vazão as áreas
baixas ficam repletas de água, como grandes poças, impedindo a trafegabilidade.
Fato que se tornou corriqueiro no mês de dezembro de 2013, devido ao canal de umidade primário da América do
Sul, conforme a figura a seguir.
No
Espírito Santo, o ano de 2014, principalmente, em Dezembro, como visto na
figura acima, os totais pluviais foram acima da média esperada, causando, 25 mortes. A cidade
com o maior número de vítimas é Colatina, com oito mortos, seguida por Itaguaçu
que registrou seis mortes. Barra de São Francisco contabilizou quatro mortes e
Baixo Guandu, três. As cidades de Domingos Martins, Nova Venécia e Pancas
registraram uma morte cada. A defesa civil informou que dos 78 municípios do
estado, 54 já foram afetados pelas chuvas.
O número
de capixabas que precisaram sair de suas casas e ainda não puderam retornar é
60.037. Dessas, 7.396 foram acolhidas em abrigos e 52.641 estão em casas de
parentes e amigos. O levantamento das pessoas afetadas pela chuva continua
prejudicado pela dificuldade de acesso a muitas localidades, algumas totalmente
isoladas pela intensa inundação, sem comunicação, água potável e energia
elétrica. Com a diminuição das chuvas, moradores em algumas cidades estão
trabalhando na limpeza de ruas e casas.
Para ampliar esta discussão leia os textos recomendados a seguir:
FIALHO, E. S. O clima e a gestão
do território: O papel da Defesa Civil no processo de reconstrução das áreas
atingidas por eventos atmosféricos extremos. Revista Entre-Lugar, Dourados, v. 3, n. 6, p. 85-108, 2012.
FIALHO, E. S. A dinâmica
plúvio-financeira no estado do Rio de Janeiro. Revista de Ciências Humanas- CCH, Viçosa-MG, v. 12, p.
181-201, 2012.
FIALHO, E. S. ; COELHO, D. D. A Destinação de
recursos públicos para a minimização dos impactos decorrentes de enventos
pluviais extremos nos estados de Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo entre
2008 e 2010. Acta Geográfica (UFRR), Boa Vista, v. 4, p. 67-82, 2010.
NASCIMENTO, R. A.; FIALHO, E. S. Geografia, Defesa
Civil e Organização do Território. In: I Congresso Brasileiro de Organização
do Espaço e X Seminário de Pós-graduação da Unesp-Rio Claro: Unesp, 2010. v. 1.
p. 4559-4574.
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