O governo Argentino confirmou 7 mortes, decorrentes da onda de calor que assola o território Argentino. As mortes foram registradas na província de Santiago del Estero, a cerca de 1,1 mil km ao norte da capital, Buenos Aires. Os efeitos do calor intenso – que chegou a 45,0ºC em províncias do norte – se agravaram com os cortes no fornecimento de energia, que privaram os argentinos de ar condicionado.
O governo atribui os apagões ao calor e cobrou de empresas privadas de energia mais investimentos no setor. Os meteorologistas dizem que esta é a pior onda de altas temperaturas a atingir o país em pelo menos 40 anos. Centenas de pessoas em Santiago del Estero procuraram assistência médica por causa do calor. Os médicos aconselharam a todos que permanecessem dentro de suas casas nas horas mais quentes do dia.
Segundo a repórter da BBC Brasil em Buenos Aires, Márcia Carmo, os cortes de energia atingiram principalmente a grande Buenos Aires, mas províncias do norte, entre elas Chaco e Corrientes, esta na fronteira com o Brasil, também foram afetadas.
Em decorrência dos apagões, as autoridades decidiram dar folga para funcionários públicos e recomendaram que cartazes com luzes de neon fossem desligados. Elas disseram que não mais que 3% da população de Buenos Aires foi afetada pelos cortes de energia. Entretanto, muitas pessoas não acreditam na estimativa do governo, e dezenas de argentinos foram às ruas protestar na segunda-feira contra a resposta dada pelo governo aos apagões.
De acordo com a repórter da BBC Irene Caselli, partes da capital do país estão sem energia há duas semanas. Nos protestos, moradores de Buenos Aires bateram panelas e colocaram fogo em sacos de lixo e pneus, causando congestionamentos no momento em que milhares de pessoas deixavam a capital para as comemorações de ano-novo em outros locais.
A crise trouxe à tona a falta de investimentos no setor de energia da Argentina. Alguns acusam das autoridades de ignorar a corrupção e não conseguir modernizar o sistema. O governo, por outro lado, culpa as companhias de energia, que foram privatizadas e, segundo eles, não investem. O prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, um ex-aliado da presidente Cristina Kirchner, saiu em defesa das companhias privadas de energia.
“A maior responsabilidade é do governo federal”, disse ele. “O governo precisa garantir que há um programa de investimento, o que não ocorreu na última década”, disse.
Agora, no dia 1/1/2014, a queda da temperatura do ar em Buenos Aires, nesta quarta-feira, promete deixar para trás a histórica onda de calor, a pior em 107 anos, e normalizar o serviço elétrico, após uma crise energética marcada por blecautes e críticas às autoridades e às companhias do setor.
O Serviço Meteorológico Nacional Argentino (SMN) rebaixou de vermelho para amarelo o alerta em Buenos Aires e região metropolitana e previu uma temperatura máxima de 33,0ºC para hoje e de 28,0ºC para amanhã.
A nova situação contempla que as altas temperaturas ainda podem ser perigosas para a população mais vulnerável, como bebês, crianças pequenas, idosos e doentes crônicos. Com a diminuição das temperaturas, também foi reduzido o consumo de energia, e as companhias distribuidoras puderam solucionar grande parte dos problemas de distribuição das últimas semanas, que chegaram a afetar 800 mil pessoas.
De acordo com o Ministério de Segurança, ontem à noite o serviço já tinha sido restabelecido para 98% dos usuários que foram afetados por cortes de eletricidade em Buenos Aires e região metropolitana. Hoje, o trabalho continua a ser desenvolvido para normalizar a eletricidade nas últimas casas que ainda se encontram sem energia.
A diminuição do consumo foi favorecida também pelo êxodo dos moradores de Buenos Aires rumo a lugares de veraneio, especialmente a costa Atlântica. De Mar del Plata, cerca de 400 quilômetros ao sul da capital argentina, o governador da província de Buenos Aires, o governista Daniel Scioli, voltou hoje a responsabilizar às companhias elétricas pela crise energética desencadeada no mês passado.
Scioli exigiu que as concessionárias assumam as responsabilidades, e assegurou que será realizado uma "avaliação profunda para readequar o sistema elétrico". Há alguns dias, o governo criticou aos diretores de Edesur, e antecipou que tanto esta companhia quanto a Edenor receberão fortes sanções. Além disso, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, ameaçou nacionalizá-las caso os problemas persistam.
As companhias distribuidoras atribuíram os blecautes às altas temperaturas e ao consumo recorde de energia pelo uso de aparelhos de ar condicionado.Dirigentes opositores, como o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, e o deputado Sergio Massa, apontaram falta de investimento das empresas e, especialmente, erros no planejamento estatal no setor energético, fortemente subsidiado.
Os cortes de eletricidade causaram perdas milionárias durante as festas de fim de ano aos negócios da capital argentina e da região metropolitana, conhecida como o Grande Buenos Aires, onde vivem aproximadamente 15 milhões de pessoas. A Federação de Câmaras e Shoppings da República Argentina estima que 50 mil estabelecimentos portenhos perderam cerca de 500 milhões de pesos (R$ 181.168.532) pelos cortes de luz. O calor extremo registrado no centro e no norte da Argentina em dezembro mataram, pelo menos, oito pessoas. Do total, sete na província de Santiago del Estero e outra na vizinha Salta.
Segundo o Serviço de Meteorologia Nacional, essa foi a onda de calor mais duradoura desde que começaram a ser feitas medições meteorológicas, há 107 anos.
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