Espécies invasoras podem exigir medidas extremas: em Galápagos, para acabar com os ratos que ameaçam a fauna nativa local, o jeito foi gastar mais de R$ 1 milhão para alugar um helicóptero e despejar veneno sobre uma ilha. Essa gigantesca desratização promovida pelos pesquisadores no arquipélago, que se localiza no oceano Pacífico, tem justificativa. A população de ratos está crescendo de forma descontrolada, e a mania dos bichos de comer ovos de tartarugas e aves nativas de região está levando espécies típicas de Galápagos ao colapso. Os pesquisadores vinculados à administração do Parque Nacional de Galápagos, situado a cerca de mil quilômetros da costa do Equador (o arquipélago é parte do país), garantem que a substância será terrível contra os ratos, só contra os ratos. Não se trata de um veneno líquido: utiliza-se uma isca envenenada, parecida com um pequeno biscoito cilíndrico, que os ratos confundem com comida. Apesar de atrativa para os ratos, o biscoitinho não desperta a atenção de outros animais, como leões-marinhos, vários tipos de aves e a famosa tartaruga de Galápagos. Por enquanto, a desratização só foi utilizada em uma ilha, chamada Rábida. Ela é uma das menores do arquipélago, com apenas 710 hectares --pouco mais de quatro parques como o Ibirapuera. Ela tem uma população imprecisa de ratos, mas que certamente pode ser contada aos milhares. Eles se escondem em tocas camufladas pelo solo rochoso da ilha vulcânica e dominaram todo o território da ilha. Os cientistas ainda estão acompanhando os resultados da desratização. Nas próximas semanas, o monitoramento da população de ratos deve indicar se a operação funcionou. Se ela tiver sido um sucesso, a ideia é que seja expandida para outras ilhas --não é só Rábida que está infestada de ratos. Vai ser bem mais complicado. Rábida pode até virar um bom modelo de desratização, mas ela é muito menor do que as outras ilhas. A maior delas, Isabela, tem 4.588 km2 --três vezes a cidade de São Paulo. Além disso, as ilhas maiores são habitadas. Isabela tem mais de 2.000 habitantes. O alto custo acaba sendo, então, uma das principais dificuldades do projeto. Idealmente, os cientistas acham que ele poderia ser concluído em um ano em todo o arquipélago. Na prática, por questões financeiras, ele pode levar até duas décadas. Não se sabe com grande precisão quando os ratos chegaram às ilhas. Eles foram levados pelos barcos que passaram a frequentar a região a partir do século 17, e provavelmente desembarcaram mais de uma vez. As principais espécies de roedores invasores são o Rattus norvegicus e o Mus musculus domesticus --conhecidos localmente como "rato holandês" e "rato caseiro". Galápagos tem um problema imenso com espécies invasoras. Apesar desse esforço todo para se livrar dos ratos, acredite, eles são apenas mais uma das espécies invasoras nocivas para o frágil ecossistema do arquipélago, junto com cabras, porcos e gatos selvagens.
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