Uma pesquisa, que usou dados do mais antigo satélite ambiental da Agência Espacial Europeia (ESA), descobriu que verões mais quentes podem, paradoxalmente, diminuir a velocidade de degelo das geleiras na Groenlândia. O estudo foi publicado nesta semana na revista Nature.O aquecimento global e seus efeitos sobre o gelo que cobre a ilha dinamarquesa são bem compreendidos pelos cientistas. Como nas calotas polares, o degelo nessa região ocorre mais rapidamente a cada ano que passa, em parte devido às temperaturas cada vez mais altas que derretem o gelo. O que ocorre no processo de degelo é que, a água derretida da superfície se infiltra por rachaduras, com a ajuda do vento, até alcançar a rocha-base da geleira. Neste ponto, a água se torna uma espécie de lubrificante, fazendo com que a camada de gelo deslize mais rápido para o mar. No entanto, os pesquisadores têm dificuldades para construir um modelo matemático que faça uma previsão da vazão de água durante o verão, gerando incertezas sobre as projeções sobre o aumento do nível dos oceanos. As observações realizadas com o satélite ERS-1, que completará 20 anos em órbita em julho, sugerem que o sistema de drenagem interno das geleiras se adapta para acomodar uma maior quantidade de água, sem aumentar os deslizamentos da geleira. Dados do ERS-1 mostraram que embora o aumento no degelo fosse similar em todos os anos, a ilha apresentou uma diminuição dramática nos anos mais quentes, quando havia mais água de degelo. Os pesquisadores associaram essa observação a uma drenagem subglacial mais eficiente durante períodos quentes, processo que já é observado nos Alpes. A equipe utilizou medidas das geleiras da ilha de 1992 a 1998, o que inclui um dos verões mais quentes da história da Groenlândia, em 1998.
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