O ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, escolheu o Brasil para treinar ativistas de mais de 50 países contra os efeitos das mudanças climáticas no mundo. No Rio de Janeiro, Al Gore conversou com a repórter Sonia Bridi.
Os desastres naturais vistos pela ciência como a concretização dos modelos matemáticos que já apontavam para onde o planeta vai. Esses eventos imensos já são 100 vezes mais frequentes do que há 100 anos, diz Al Gore, que junto com os cientistas do Painel da ONU do Clima, ganhou o Npbel da Paz por seu trabalho no combate às mudanças climáticas.
No último relatório, que é uma reunião de centenas de pesquisas, os cientistas dizem que tem 95% de certeza de que a causa do aquecimento global é humana, e que se não nos livrarmos dos combustíveis fósseis até o fim do século, a Terra vai aquecer mais de dois graus.
"Este último relatório é o mais direto e alarmante, mas se você for olhar para trás, verá que os relatórios anteriores foram seguidos de anos em que a realidade foi pior do que o previsto", diz Al Gore.
Por isso, Al Gore acha que os cientistas estão sendo conservadores no relatório. Em relação ao assunto, ele é questionado sobre o que ele pensa do fato de o Brasil não assinar a declaração de Nova York, um compromisso contra o desmatamento.
Gore diz que não quer se meter em assunto interno, mas que o Brasil teve grande progresso na redução do desmatamento e, agora que o mundo está começando a perceber isso, o desmatamento voltou a aumentar. "Eu espero que agora que a eleição ficou para trás, as pessoas prestem atenção ao que os cientistas estão dizendo, e eles afirmam que a água que enche as represas em São Paulo vêm da Amazônia."
Ele se refere a estudo do Inpe, que mostra que a evaporação da Amazônia bate nos Andes e desce até o Sul do Brasil, espalhando chuva. O Inpe não só recomenda zerar o desmatamento, mas reflorestar imensas áreas para dar segurança hídrica ao Brasil.
Al Gore está no Brasil para treinar 700 ativistas de 52 países.Três dias de curso intensivo para voltar para suas comunidades e alertar sobre os perigos das mudanças climáticas, com os métodos de comunicação que Al Gore vem usando há mais de 20 anos.
É um treinamento para aprender a passar a mensagem? "Parte é, mas a maior parte é a mensagem em si. Para se assegurar de que a ciência vai ser explicada de uma forma que os cientistas respeitarão. Nem exageros, nem simplificações", explica Al Gore.
A estratégia é enfrentar o o lobby dos fósseis, advogados e publicitários contratados por grandes empresas de petróleo e carvão, para tentar convencer o mundo de que aquecimento global não existe.
"Meu único medo é que vamos demorar demais a tomar decisões e deixar uma conta grande para nossos filhos e netos. Mas vamos resolver isso. Quando percebermos que podemos fazer o que deve ser feito, vamos nos perguntar: o que é a coisa certa a fazer? E vamos fazer o que é certo. Mas é melhor que seja logo, em vez de tarde demais", alerta Al Gore.
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