sábado, 9 de março de 2013

Uma questão Biogeográfica


A Biogeografia é uma área de estudo que contempla tanto a Geografia quanto a Biologia, a qual múltiplos fatores se integram , deixando-a amplamente discutida e até certo ponto complexa, o que ocasionou mudanças em seu conceito no decorrer do tempo, devido a mudança na maneira de pensar de pesquisadores e estudiosos.
Entre várias definições do conceito de Biogeografia, acreditamos que seja melhor procurar o que mais irá adaptar-se a finalidade de seu trabalho, desta forma destacaremos a definição utilizada por Adler Guilherme Viadana no livro “BIOGEOGRAFIA: NATUREZA, PROPÓSITOS E TENDÊNCIAS”, onde ele aponta que: “A biogeografia é um ramo do conhecimento científico que se fundamenta de forma intrínseca com a distribuição , adaptação e explicação dos seres vivos, sejam estes vegetais ou animais nos mais diferentes lugares da superfície da terrestre.” e complementando-a com uma outra definição feita por TROPPMAR,1987  onde o autor conceitua biogeografia como “Estudo das interações, da organização e dos processos espaciais, dando ênfase aos seres vivos –vegetais e animais- que habitam o determinado local: o biótopo, onde constituem  geobiocenoses”.
O que iremos relatar e discutir se encaixa nas falas dos autores citados anteriormente, principalmente devido a questão de organização e processos espaciais tanto de animais – onde o homem está inserido – e vegetais. O tema veio a tona, após uma curiosidade que foi levantada dentro de um documentário feito pela National Geografic, sobre ataques de leões a populações localizadas no sul da Tanzânia , na África. Nele, o pesquisador expõe uma situação onde cerca de 140 ataques de leões ocorreram às margens do Rio Rufidi dentro de 1(um) ano, e já foram registradas  ao longo dos anos cerca de 600 mortes devido a ataques dos mesmos. Um número exorbitante em relação a qualquer outra área que tenha humanos e leões vivendo próximos. Após as pesquisas e investigações, o pesquisador acaba percebendo que os ataques aconteciam justamente nesta área, por ela ter uma alta concentração de “porcos selvagens” o que atraia  os leões para perto das tribos, porém a explicação para este fato, será de tudo “inusitada”.
Com os conhecimentos adquiridos em Geografia, logo podemos observar que o problema com os felinos, poderia ser devido à ocupação de um mesmo território, o que  acarreta conflitos. Pois, as tribos que habitam a localidade que são de origens muçulmanas e sobrevivem da agricultura, estas estão estabelecidas nas margens do Rio, devido a fertilidade que esses depósitos podem oferecer. Já os leões, poderiam também ocupar esta área por seu próprio extinto de criar um território devido a reprodução, comida e água disponível. Porém, este não era o fator preponderante da questão.
Outra hipótese que poderia ser levantada é devido a ocupação humana espalhar-se por grande parte do espaço. Com isso os animais poderiam estar se sentindo acuados e atacando os seres humanos. Entretanto está não seria a questão, pois  existe um outro mecanismo criado pelos homem, que irá contribuir para a harmonia do ambiente. Nesta área há uma grande Reserva Natural, onde os leões poderiam se estabelecer, e sobreviver perfeitamente devido a abundancias de presas.
Assim, algumas  análises que nós geógrafos usamos para tentar estabelecer  e encontrar  diferenças e posteriores soluções  , bem como o conhecimento das ligações  entre homem, animais “selvagens” e vegetação, ainda não foram capazes  de explicar o motivo do problema. Mas, um fator extremamente importante principalmente na Biogeografia   que ainda não havia sido mencionado e que poderá contribuir, é a chamada “visão holística” que nós precisamos ter para compreender as diversas relações existentes na natureza. Percebendo assim, que tudo acaba se integrando. O que amplia a nossa visão possibilitando compreender como o chamado “x” da questão foi resolvido. E o motivo pelo qual esta região da Tanzânia, possui tal conflito entre leões e homens, é devido principalmente a “CULTURA” existente na região.
A cultura é “responsável” pela grande quantidade de ataques na localidade, e a explicação não é nada complicada. Está região,  devido a grande  diversidade étnica africana , apresenta uma concentração elevada de tribos muçulmanas. Os muçulmanos por sua vez não apreciam a carne de porco, muitas vezes evitando até o contato com os animais , o que explica a elevada quantidade de porcos do mato na região , e ainda não tendo o homem como predador natural como ocorre na maioria das outras localidades. Neste local eles ainda encontram comida, principalmente devido a agricultura desenvolvida pelos camponeses locais, fazendo com que os animais se sintam protegidos. Entrando, é neste momento que os leões entram na história, devido a grande concentração de porcos, eles são atraídos pela fartura de presas, e acabam muitas vezes se deparando com pessoas que estão instaladas dentro das plantações em pequenas casas chamadas de “DUMBUS” , afim de espantar os porcos, e acidentalmente acabam encontrando leões no meio das plantações o que motiva os ataques.
Mostrando assim como os conhecimentos de Biogeografia são importantes para entender a integração existente  no ambiente. E que, qualquer modificação nas relações e no equilíbrio natural pode acarretar mudanças muitas vezes conflituosas, como a situação que foi descrita no documentário, e que poderão ocorrer em qualquer localidade em que homens, animais e plantas este estejam habitando simultaneamente.

documentário, de onde foi extraída a temática do texto , segue no link a baixo:
  
http://www.youtube.com/watch?v=m3LdyXFgJfk

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