sexta-feira, 7 de março de 2014

Grupo desvenda história evolutiva de grupo mais comum de aves da Amazônia

A história evolutiva de um grupo bastante diverso de aves, composto por mais de 230 espécies que representam aproximadamente 10% da avifauna brasileira, está prestes a ser desvendada. Pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) estão concluindo a filogenia – estudo da relação evolutiva entre espécies – de aves da família Thamnophilidae, conhecidas popularmente no Brasil como papa-formigas.

Desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa “Sistemática, biogeografia e evolução fenotípica dos Thamnophini (aves Thamnophilidae): uma aproximação baseada em sequenciamento maciço de DNA”, apoiado pela FAPESP, alguns dos resultados do estudo foram apresentados na quarta-feira (26/02), último dia do UK-Brazil-Chile Frontiers of Science.

A Royal Society, do Reino Unido, a FAPESP e as Academias Brasileira e Chilena de Ciências organizaram o evento em Chicheley, no sul da Inglaterra, com o objetivo de fomentar a colaboração científica e interdisciplinar entre jovens pesquisadores brasileiros, chilenos e do Reino Unido em áreas de fronteira do conhecimento.

“Estamos concluindo a primeira filogania da família Thamnophilidae. Já temos amostras de 99% das espécies e agora temos uma hipótese bastante completa da história evolutiva desse grupo de aves”, disse Gustavo Adolfo Bravo Mora, pesquisador do Museu de Zoologia da USP, à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, os papa-formigas representam o grupo mais comum de aves da Amazônia, com a maior diversidade de espécies da família, podendo chegar, por exemplo, a 45 espécies diferentes em um mesmo local.

Além de povoar a Floresta Amazônica, o grupo também está presente em outros biomas brasileiros, como a Mata Atlântica – que possui regiões com até 12 espécies endêmicas (próprias) –, a Caatinga e o Cerrado, nestes em menor proporção.

Uma das características comuns dessas aves, segundo Mora, é o fato de serem pequenas, medindo, em média, entre 25 e 30 centímetros. A menor tem 3,5 centímetros e vive na copa das árvores da Floresta Amazônica. A maior, conhecida como matracão (Batara cinerea), mede pouco mais de 30 centímetros e é mais fácil de ser encontrada na Mata Atlântica. “Há uma variação muito grande entre as espécies”, disse Mora.

Outra característica dessas aves é que elas se alimentam principalmente de insetos; daí a alcunha de papa-formigas. Além disso, cantam o tempo todo. “Ao entrar em uma região da Floresta Amazônica, é muito difícil vê-las, mas é possível escutar seu canto”, disse Mora.

As gravações do canto dessas aves e a quantificação das variações, feitas por meio de softwares especiais, são utilizadas pelos pesquisadores para entender padrões de evolução usando a filogenia do grupo, com base em dados genéticos.

Os registros do canto são complementados com medições de bico, asa, cauda e pata das espécimes, que fornecem estimativas da variação na forma dos animais, e de sequenciamento de dados moleculares obtidos de amostras de tecidos de espécimes da coleção do Museu de Zoologia da USP e de outros museus situados principalmente no Brasil e nos Estados Unidos.

Além disso, os pesquisadores usam sistemas de informação geográfica para realizar análises de distribuição e quantificar os ambientes onde essas aves podem estar presentes.

“Com base nesse conjunto de dados geográficos, podemos estimar quais espécies preferem áreas com maior precipitação ou menor temperatura, por exemplo”, indicou Mora. “A ideia é integrar esses diferentes tipos de dados para tentar entender como a diversidade de espécies de aves tem evoluído na família Thamnophilidae.”

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