A falta de árvores em São Paulo transforma a cidade em uma grande ilha de calor. A temperatura em alguns bairros subiu 7ºC nos últimos 70 anos, informou o SPTV nesta segunda-feira (21). As árvores bloqueiam até 90% da luz e do calor que vem do sol. Por isso, os bairros arborizados da cidade chegam a ser 10ºC mais frescos.
O Verdejando resolveu fazer um teste com dois blocos de gelo do mesmo tamanho. Um foi colocado no sol e outro, na sombra, mais perto de uma árvore. Uma hora depois, a diferença de tamanho entre os blocos era grande.
“As árvores têm um papel importante em vários aspectos. Um deles é esse controle de temperatura, mantém a temperatura mais baixa”, diz Augusto José Pereira Filho, professor de ciência atmosférica do IAG-USP. A experiência mostra que reflorestar São Paulo é uma questão de sobrevivência, de saúde e de qualidade de vida.
Considerado um importante indicador da qualidade de vida nos municípios, o índice de áreas verdes públicas por habitante caiu em 9 das 31 subprefeituras da capital entre 2011 e 2012. Em algumas regiões, a diminuição chega a 60%.
No Jabaquara, onde houve a maior perda, o índice passou de 5,98 m² por habitante para 2,41 m² , uma redução de 59,5%. Logo em seguida vem Pinheiros, queda de 5,26 m² para 2,18 m² diminuição de 58,5% (veja quadro ao lado).
Em toda a cidade, a proporção subiu de 12,41 m² de área verde per capita para 14,58 m². O número ainda está abaixo do mínimo recomendado pela (SBAU) Sociedade Brasileira de Arborizacão Urbana, que é de 15 m². . Em Curitiba (PR), cidade mais verde do país, segundo a ONU, o índice é de 64 m² de área verde por habitante.
Para especialistas, a piora do indicador na capital está relacionada à verticalização da cidade e à falta de incentivos para a preservação ambiental. “Os grandes empreendimentos também provocam mudanças viárias, atingindo áreas verdes que estavam preservadas”, afirma o consultor ambiental Alessandro Azzoni.
Segundo o Departamento de Aprovação de Edificações, no ano passado foram emitidos 68 alvarás para a construção de prédios na região de Pinheiros, 11% do total da cidade. “O município devia dar incentivos tributários para os empreendimentos imobiliários que preservam áreas verdes”, afirma o engenheiro florestal Demostenes Silva, vice-diretor da SBAU.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou que o número de parques da capital subiu de 33 para 97 entre 2005 e 2012, mas não se manifestou em relação à redução no índice de áreas verdes por habitante. O plano de metas do prefeito Fernando Haddad prevê a criação de um sistema de contrapartida para fins de implantação de áreas verdes e financiamento de terrenos para parques, mas sem prazo para implantação.