No Rio Grande do Sul, mais de 50 cidades foram afetadas por fortes chuvas nos últimos meses, que atingiram quase 25 mil pessoas. Muitas estão desalojados, outras viram a água destruir suas casas ou pertences. O cenário se repete também em Santa Catarina e no Paraná. As chuvas resolveram castigar o Sul do Brasil. Por que está chovendo tanto, e tão forte na região? Pode colocar a culpa no El Niño.
Segundo a meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, o El Niño se formou por volta de abril deste ano, e começou a influenciar as chuvas na região Sul a partir de julho. E vamos ter que conviver com ele durante o ano todo. "A tendência é que as chuvas continuem volumosas por toda a primavera".
O El Niño é um fenômeno natural que acontece quando a superfície do mar perto do Chile e do Peru fica mais quente. Nesses países, ele provoca chuvas na época do Natal, e por isso ganhou o nome de "niño", uma referência ao "menino Jesus". Mas esse fenômeno interfere no clima de muitas partes do mundo. No Brasil, significa seca na Amazônia, no Nordeste e calor acima da média no Sudeste. E, na região Sul, chuvas.
Não é pouca chuva. Em julho, por exemplo, a quantidade normal de chuva em Porto Alegre é de 120 mm. Este ano, choveu 309 mm. Em setembro, a faixa leste do Rio Grande do Sul viu um aumento de cerca de 30% nas chuvas e, só nas duas primeiras semanas de outubro, já choveu 50 mm a mais do que a média do mês. "Os modelos indicam que o El Niño segue até abril do próximo ano. Para o Sul, a anomalia de chuva deve durar até dezembro, depois volta o comportamento normal", diz Bianca.
Enquanto dezembro não chega, é bom que a população de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná se prepare. Já a partir desta quinta-feira (15) áreas de instabilidade se formam na região, gerando novas tempestades. A culpa pelas chuvas pode ser do El Niño, mas a responsabilidade é das autoridades, que precisam estar preparadas para atender a população e pensar em políticas de prevenção e adaptação a eventos climáticos extremos.
Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2015/10/chuvas-fortes-no-sul-continuam-ate-dezembro-culpa-e-do-el-nino.html.
Ainda segundo o INPE, o aquecimento do Pacífico é o mais intenso desde 1997. O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) mensurou a temperatura do oceano Pacífico equatorial central, região chamada de Niño 3.4, no trimestre julho-agosto-setembro. A água está 1,5°C mais elevado que o normal para época do ano. Trata-se de um valor 0,2°C mais baixo que o registrado na mesma época no El Niño de 1997. A atmosfera brasileira responde ao aquecimento. Em setembro de 2015, a chuva acima dos 100 milímetros na Região Sul e nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, praticamente todo o centro e norte do Brasil terminou o mês com precipitação abaixo da média. Já em 1997, a chuva forte foi mais restrita atingindo o Sul e o leste do Sudeste (sul e leste de São Paulo e norte do Rio de Janeiro). Mesmo nesta situação, áreas de Minas Gerais e de Goiás terminaram aquele mês com chuva acima (além do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro). Voltando ao Pacífico, a tendência é de manutenção do aquecimento do Pacífico nos próximos meses com ápice no trimestre outubro-novembro-dezembro (desvio de quase +2,5°C, usando-se a média dos 16 membros da simulação). Na atmosfera brasileira, para o trimestre outubro-novembro-dezembro, isto implicará em chuva acima da média no Sul e no sul dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já na maior parte do Sudeste e Centro-Oeste, espera-se chuva próxima da média, embora sua regularização aconteça de forma mais atrasada que o normal. Por fim, no Norte e Nordeste, a chuva ficará abaixo da média. A temperatura ficará acima da média em boa parte do país com maiores desvios entre o Norte e Nordeste. Somente no Rio Grande do Sul, o excesso de chuva e a entrada de eventuais ondas de frio deixarão a temperatura mais baixa que o normal. Novamente retornando ao Pacífico, no decorrer do primeiro trimestre de 2016, espera-se diminuição gradativa da temperatura do Pacífico central equatorial provavelmente culminando no término do fenômeno em meados do próximo ano.
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