quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Além de calor no Sudeste e seca na Amazônia, o fenômeno El Niño provoca muita chuva no Sul do país

No Rio Grande do Sul, mais de 50 cidades foram afetadas por fortes chuvas nos últimos meses, que atingiram quase 25 mil pessoas. Muitas estão desalojados, outras viram a água destruir suas casas ou pertences. O cenário se repete também em Santa Catarina e no Paraná. As chuvas resolveram castigar o Sul do Brasil. Por que está chovendo tanto, e tão forte na região? Pode colocar a culpa no El Niño.

Segundo a meteorologista Bianca Lobo, do Climatempo, o El Niño se formou por volta de abril deste ano, e começou a influenciar as chuvas na região Sul a partir de julho. E vamos ter que conviver com ele durante o ano todo. "A tendência é que as chuvas continuem volumosas por toda a primavera".

O El Niño é um fenômeno natural que acontece quando a superfície do mar perto do Chile e do Peru fica mais quente. Nesses países, ele provoca chuvas na época do Natal, e por isso ganhou o nome de "niño", uma referência ao "menino Jesus". Mas esse fenômeno interfere no clima de muitas partes do mundo. No Brasil, significa seca na Amazônia, no Nordeste e calor acima da média no Sudeste. E, na região Sul, chuvas.

Não é pouca chuva. Em julho, por exemplo, a quantidade normal de chuva em Porto Alegre é de 120 mm. Este ano, choveu 309 mm. Em setembro, a faixa leste do Rio Grande do Sul viu um aumento de cerca de 30% nas chuvas e, só nas duas primeiras semanas de outubro, já choveu 50 mm a mais do que a média do mês. "Os modelos indicam que o El Niño segue até abril do próximo ano. Para o Sul, a anomalia de chuva deve durar até dezembro, depois volta o comportamento normal", diz Bianca.

Enquanto dezembro não chega, é bom que a população de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná se prepare. Já a partir desta quinta-feira (15) áreas de instabilidade se formam na região, gerando novas tempestades. A culpa pelas chuvas pode ser do El Niño, mas a responsabilidade é das autoridades, que precisam estar preparadas para atender a população e pensar em políticas de prevenção e adaptação a eventos climáticos extremos.
Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2015/10/chuvas-fortes-no-sul-continuam-ate-dezembro-culpa-e-do-el-nino.html.

Ainda segundo o INPE, o aquecimento do Pacífico é o mais intenso desde 1997. O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (NOAA) mensurou a temperatura do oceano Pacífico equatorial central, região chamada de Niño 3.4, no trimestre julho-agosto-setembro. A água está 1,5°C mais elevado que o normal para época do ano. Trata-se de um valor 0,2°C mais baixo que o registrado na mesma época no El Niño de 1997. A atmosfera brasileira responde ao aquecimento. Em setembro de 2015, a chuva acima dos 100 milímetros na Região Sul e nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Por outro lado, praticamente todo o centro e norte do Brasil terminou o mês com precipitação abaixo da média. Já em 1997, a chuva forte foi mais restrita atingindo o Sul e o leste do Sudeste (sul e leste de São Paulo e norte do Rio de Janeiro). Mesmo nesta situação, áreas de Minas Gerais e de Goiás terminaram aquele mês com chuva acima (além do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro). Voltando ao Pacífico, a tendência é de manutenção do aquecimento do Pacífico nos próximos meses com ápice no trimestre outubro-novembro-dezembro (desvio de quase +2,5°C, usando-se a média dos 16 membros da simulação). Na atmosfera brasileira, para o trimestre outubro-novembro-dezembro, isto implicará em chuva acima da média no Sul e no sul dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Já na maior parte do Sudeste e Centro-Oeste, espera-se chuva próxima da média, embora sua regularização aconteça de forma mais atrasada que o normal. Por fim, no Norte e Nordeste, a chuva ficará abaixo da média. A temperatura ficará acima da média em boa parte do país com maiores desvios entre o Norte e Nordeste. Somente no Rio Grande do Sul, o excesso de chuva e a entrada de eventuais ondas de frio deixarão a temperatura mais baixa que o normal. Novamente retornando ao Pacífico, no decorrer do primeiro trimestre de 2016, espera-se diminuição gradativa da temperatura do Pacífico central equatorial provavelmente culminando no término do fenômeno em meados do próximo ano.



Nenhum comentário:

Postar um comentário