No dia 14 de novembro de 2016, a turma de Geografia das águas - GEO 423 realizou um Trabalho de Campo, onde as cidades de Barra Longa e Rio Doce foram visitadas um ano depois do rompimento da barragem da Samarco, no município de Mariana. Além destas duas cidades, fomos ao encontro dos rios do Carmo e Piranga, ambos formadores do Rio Doce, no município de mesmo nome. E por último ao mirante, no município de Santa Cruz do Escalvado, a fim de visualizar a represa hidroelétrica Risoleta Neves, também conhecida como Candonga.
Um
ano e oito dias depois, a turma de Geografia da UFV, faz a mesma pergunta. “É possível recuperar o Rio Doce e a vida dos que dele
dependem?”.
No início de novembro, pesquisadores se reuniram na UFOP, no
auditório do Instituto de Ciências Sociais aplicadas, campus Mariana, em evento
promovido pelo Greenpeace para tentar responder esta questão.
Um ano depois do ocorrido,
segundo a coordenadora da campanha de água do Greenpeace do Brasil, Fabiana
Alves, de acordo com o conteúdo apresentado pelos especialistas durante o
seminário, que se refere a resultados preliminares dos estudos, ainda não é
possível falar em números. Segundo ela, a previsão é de que as pesquisas sejam
concluídas entre dezembro e fevereiro. "O que é possível afirmar hoje,
segundo esses estudos, é que há um certo nível de toxidade na água do Rio Doce.
Matas ciliares inteiras foram perdidas e ainda hoje, um ano após o desastre,
ainda há árvores morrendo", destacou.
Na revista Galilei, a
afirmação de que o Rio está morto é estampada em matéria. Segundo a mesma, o rompimento
das barragens em Mariana-MG é um desastre social – nove mortos e 18
desaparecidos.
Porém, uma outra face da
tragédia vem se revelando: o desastre ambiental provocado pelo rompimento. Por
enquanto o Rio Doce – o mais importante de Minas Gerais – é a principal vítima. Especialistas
já declaram que ele está oficialmente morto. Uma análise laboratorial
encomendada após o desastre encontrou na água do rio partículas
de metais pesados como
chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e mercúrio. Segundo Luciano
Magalhães, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guando,
órgão responsável pela análise, “parece que jogaram a tabela periódica inteira” dentro do rio. Segundo ele, a
água não tem mais utilidade nenhuma, sendo imprópria para irrigação e consumo
animal e humano.
Essas duas posições que
surgiram a época. Todavia, segundo levantamentos realizados em 2016 pelo IGAM
(Instituto Mineiro de Gestão das Águas), foi de que o rio está completamente
infectado por partículas de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário,
cobre, boro e mercúrio. Isso torna a água completamente sem utilidade.
André Ruschi, biólogo e
ecólogo atuante na Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz, no
Espírito Santo, estimou o prazo de um século até que estes rejeitos possam
começar a ser eliminados. “Já estamos acostumados a lidar com vários tipos
de sonegação de informação, falsificação de resultados, etc. São empresas
historicamente inadimplentes e sempre com problemas em cumprir as exigências
dos órgãos ambientais nas suas licenças. O primeiro laudo já indicou a presença
de mercúrio na água do Rio Doce”, disse ele em entrevista ao jornal O
Tempo.
Além dos danos com os metais,
a lama fez com a biodiversidade do rio fosse exterminada. Ambientalistas
acreditam que algumas espécies que eram apenas encontradas neste rio foram
extintas. “Essa
lama vai poluindo tudo e deixando resíduos em toda a cadeia, todo o leito do
rio. E como o PH já é muito alto no rio, em 10, e é extremamente cáustico, essa
lama vai matar completamente qualquer coisa do rio, inclusive, espécies
exóticas do Rio Doce que estão extintas a partir de hoje”, disse Ruschi.
Já no início de 2016, o grupo
SOS Mata atlântica divulgou divulgou laudo técnico com
resultados obtidos em Expedição pela bacia do rio Doce. Dos 18 pontos
analisados em campo, 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água)
péssimo, e 2, regular. Relatório aponta que a água está imprópria para o
consumo em todo o trecho analisado.
A equipe da Fundação SOS Mata
Atlântica realizou de 6 a 12 de dezembro de 2015 uma expedição pelos municípios
afetados pelo rompimento da barragem na cidade de Mariana (MG), com o objetivo
de coletar sedimentos para análises laboratoriais e monitorar a qualidade da
água do rio Doce e afluentes impactados pela lama e rejeitos de minérios. Ao
todo, foram analisados 18 pontos em campo, percorridos 29 municípios e
coletados 29 amostras de lama e água para análise em laboratório. Desses 18
pontos, 16 apresentaram o IQA (Índice de Qualidade da Água) péssimo e 2
obtiveram índice regular.
Após uma análise sobre os discursos
e as informações obtidas, pode-se dizer que o rio biologicamente hoje está
seriamente afetado, podendo sim dizer que esteja morto. Porém, com o reinício
das chuvas, poucos ainda acreditam que as chuvas irão diluir os rejeitos. Mas, esquecem-se
de se pensar nos riscos que ainda existem nas barragens que ainda existem e que
os noticiários dão conta da preocupação do Ministério Público dos riscos de
mais rompimentos de barragens. A
pergunta ainda fica no ar, embora as experanças sejam cada vez menores da revitalização do leito e
da vida dos ecossistemas atingidos pelo mar de lama, que o Rio Doce foi submetido.
Veja dos relatórios disponibilizados.
http://giaia.eco.br/materialdesuporte/
Represa Hidroelétrica Risoleta Neves |
Dessasoreamento da Represa Candonga |
Rio Doce a jusante da Represa |
Retirada de sedimento próximo a Hidroelétrica da Candonga |
Hidroelétrica Risoleta Neves |
Represa Risoleta Neves - Candonga |
Bibliografia consultada
https://www.sosma.org.br/104435/laudo-revela-que-agua-rio-doce-permanece-impropria-para-consumo/
http://www.jornalciencia.com/e-oficial-perdemos-o-rio-doce-e-ele-esta-morto-e-agora/
http://www2.ana.gov.br/Paginas/Riodoce/default.aspx
Nenhum comentário:
Postar um comentário