sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Caos no Paraná com as chuvas de 2014

Ao passar da marca de meio milhão de paranaenses prejudicados, a chuva intensa bateu o recorde de vítimas das últimas duas décadas. Também na quantidade de mortos, a semana que passou foi a mais trágica: 11 pessoas tiveram a vida levada pela água. Até então, os 22 anos anteriores de vendavais e enxurradas haviam somado 71 óbitos no estado. A grande enchente de 1983, que deixou 80% de União da Vitória submersa, não causou mortes. E a “ferida” ainda aberta nas encostas do Litoral do Paraná, em março de 2011, deixou quatro mortos.

Outros recordes servem para explicar o rastro de destruição que atingiu, de uma forma ou de outra, um em cada 18 paranaenses. Primeiro, choveu muito, como nunca havia sido registrado em alguns pontos do estado. Em Guarapuava, choveu em poucas horas o equivalente ao mês mais chuvoso dos últimos 50 anos.

A chamada cota milenar foi ultrapassada no Rio Cavernoso, no Centro-Sul, conta o chefe do Departamento de Hidrometria do Instituto das Águas do Paraná, Paulo Eduardo Cavichiolo Franco. A água invadiu a casa de máquinas de quatros pequenas centrais hidrelétricas – situação que a engenharia não conseguiu prever, já que o volume e o nível do rio não deveriam atingir a construção.

Clima

A própria chuva, contínua e espalhada pelo estado todo, já foi um fenômeno poucas vezes visto. Duas massas de ar opostas, uma quase na divisa com São Paulo e outra estacionada em Santa Catarina, pressionaram as nuvens que estavam sobre o Paraná. Sem conseguir avançar, as nuvens derramaram tudo o que tinham acumulado. Assim, não choveu em um ponto isolado, que permitisse a absorção ou o escoamento para áreas menos “molhadas”. A precipitação esparramada foi alimentando a calha dos rios. O Iguaçu recebeu água, em grandes quantidades, da nascente à foz. Em todo o curso do rio, juntando ainda os afluentes, os índices de chuva passaram de 100 milímetros – o que já é bastante para causar estragos.

O resultado foi que, de uma ponta a outra do estado, os prejuízos começaram a aparecer: por deslizamentos de terra, por enxurradas, por alagamentos e por inundações (veja explicação ao lado). Quase a metade das cidades paranaenses registrou algum tipo de dano e 148 tiveram tantos estragos que pediram situação de emergência, em busca de verbas para compensar os problemas. Com rodovias e pontes destruídas e dezenas de casas danificadas, o cálculo dos estragos ainda é vago, mas é apontado na casa de R$ 1 bilhão, outro recorde negativamente batido na última semana.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/chuvas/conteudo.phtml?id=1476563&tit=No-rastro-da-destruicao



Prevenção

Atualmente, o Paraná não tem um sistema ideal para prevenir desastres como o do último fim de semana. Hoje, nenhuma equipe de prevenção de desastres no Paraná consegue tomar medidas específicas quando recebe um alerta de chuvas intensas. Não há um mapa suficientemente preciso para informar quais áreas serão afetadas. “Dizer que vai chover 150 milímetros em Curitiba não significa muita coisa. O ideal é saber o que o volume de água representa em uma determinada região, de acordo com o comportamento do rio, por exemplo, e conhecer quais locais precisam ser evacuadas e em quanto tempo”, explica o capitão Eduardo Gomes Pinheiro, da Defesa Civil do Paraná. Esse levantamento está em curso e deve ficar pronto em dois anos, conta Pinheiro. O mapeamento está sendo realizado pela Mineropar e pelo Águas Paraná. O projeto, orçado em R$ 30 milhões, inclui a instalação de Centro Estadual de Gerenciamento de Risco.





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