terça-feira, 10 de junho de 2014

Salvem os mares

Por Sara A. Lourie (*)

Os ecossistemas marinhos nos fornecem pelo menos US$ 20,9 trilhões em bens e serviços a cada ano. No entanto, tratamos o mar como um esgoto, um lixão e uma fonte inesgotável de peixes. As respostas ecológicas dizem tudo: perda de mais de 90% dos principais predadores, colapso da pesca e uma mudança de águas ricas em vertebrados para mares dominados por águas-vivas, com um crescente número de zonas mortas. Segundo estudo publicado na revista Science, quase todo quilômetro quadrado dos oceanos está sob ameaça.

É preciso fazer mais para proteger o reino marinho. Mas por onde começar? Qual contribuição a biogeografia marinha pode dar? Quatro das abordagens mais comuns para o planejamento sistemático de conservação – hotspots, representação, ecorregiões e áreas-chave – foram apresentadas em recente conferência da Unesco. Cada uma dessas abordagens reflete um conceito biogeográfico e dados específicos.

Hotspots – A simples abordagem conceitual é priorizar hotspots, as áreas ricas em espécies. Com cerca de 100 mil km2 de recifes de coral (34% do total mundial) e mais de 2 mil espécies de peixes de recife, o Sudeste da Ásia é um desses “pontos quentes”. Estima-se que a área relativamente pequena entre Indonésia, Filipinas e Papua-Nova Guiné (o “Triângulo de Coral”) abriga 83% das espécies de coral do mundo e 58% dos peixes de recifes. No entanto, essa riqueza é atribuída principalmente a uma concentração de distribuições sobrepostas de espécies abrangentes, como o peixe Abudefduf bengalensis, em vez de uma abundância de espécies de áreas restritas (endemias), como o Discordipinna griessingeri, um tipo de caboz.


Em termos ecológicos, porém, pode ser que as regiões pobres em espécies, ou coldspots, sejam mais vulneráveis. Por um lado, a baixa diversidade implica uma probabilidade maior de que a extinção de uma ou mais espécies signifique a perda de um ecossistema fundamental. Coldspots também contêm um número desproporcionalmente grande de espécies endêmicas. Já em 2002, cientistas tinham mapeado a distribuição de 3.235 espécies de peixes, corais, lagostas e moluscos e mostrado que, como na terra, as espécies de distribuição restrita no mar estavam concentradas em centros de endemismo.

Embora a abordagem de hotspots seja relativamente simples, atrativa politicamente e transparente em termos de análise, há um risco de que ela possa prejudicar as comunidades de “áreas não hotspot”, que também precisam estar envolvidas no esforço de conservação.

Representação – A segunda abordagem propõe assegurar uma representação adequada e abrangente de cada tipo de hábitat ou zona biogeográfica. Mas elaborar classificações apropriadas do meio ambiente marinho, a fim de avaliar a representação de uma gama de escalas espaciais, não é uma tarefa fácil.

Classificações marinhas são baseadas em vários dados, como a direção, a velocidade e a persistência das correntes; a temperatura e a cobertura de gelo; a geomorfologia; imagens de satélite; sondagens de sonar; registros de fauna, associações bióticas e percentagem de endemismo.

Ecorregiões – Recentemente, tem havido uma mudança para uma “abordagem ecossistêmica” na conservação marinha, com os cientistas indo além de padrões e números para considerar o funcionamento ecológico das áreas. Dessa forma, os ecossistemas associados, tais como recifes de corais, mangues e leitos de algas marinhas, são considerados em conjunto num plano de gestão ecorregional.

Áreas-chave – A abordagem de “áreas-chave” não depende de uma etapa de classificação prévia; ela se concentra em locais específicos onde importantes processos ecológicos acontecem. Por exemplo, áreas-chave incluem locais de reprodução das baleias, praias de nidificação para as tartarugas, corredores de migração ou locais onde há espécies ameaçadas em particular.

Veja o restante da matéria n link: http://www.brasil247.com/pt/247/revista_oasis/141400/Salvar-os-mares-Estamos-acabando-com-eles.htm

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