Neste período do ano em que estamos passando por um declínio quantitativo da precipitação no estado líquido, é com freqüência noticiado nos diversos veículos de comunicação a predominância de uma baixa umidade do ar, intensificando os problemas relacionados à saúde e ao conforto térmico. Alguns chegam noticiar até mesmo a existência de um clima desértico em determinadas cidades durante este período do ano, afirmação está que a meu ver demandaria uma análise mais minuciosa do caso e mais contundente do ponto de vista teórico. Dito isso, faz-se necessário ressaltarmos que, a baixa umidade do ar além de causar efeitos na saúde humana, possui uma estreita ligação com a ocorrência de queimadas como vamos brevemente analisar aqui nessa postagem.
Se observarmos o céu durante os meses de inverno, veremos que o número de nuvens dispostas na atmosfera, sobretudo na sua camada mais inferior denominada troposfera, é relativamente menor quando comparado aos meses de verão. Isso implica numa maior incidência da radiação solar sobre a superfície do globo e, conseqüentemente, numa elevação da temperatura do ar decorrente da radiação de onda longa emitida pela Terra. Nestas condições, juntamente com déficit hídrico no período de prolongadas estiagens, o ar torna-se mais seco fazendo com que a evapotranspiração dos vegetais se eleve. Estes por sua vez, “perdem umidade” de forma mais rápida vindo a intensificar os riscos de propagação de incêndios por se tornarem mais suscetíveis ao fogo.
Da mesma forma que a umidade do ar, determinados fatores geográficos também influenciam na ocorrência e propagação de queimadas, como por exemplo, o relevo, a altitude, a cobertura vegetal e, em casos específicos, a orientação das vertentes. De modo geral eles (os fatores geográficos) interferem na direção dos ventos e na sua intensidade, assim como na convecção do ar e na própria umidade do mesmo.
SILVA (2006), diz em seu estudo sobre práticas de queimadas na cidade de Araguaina-TO que: “(...) grande parte da prática das queimadas ocorre em áreas urbana. Nas cidades, normalmente o fogo é empregado nas seguintes áreas: (i) fundo de quintais, (ii) terrenos e áreas abandonadas que servem de depósitos clandestinos de lixo e (iii) lotes sem construção com vegetação de pequeno e médio porte”. No entanto, a ocorrência de queimadas em certos biomas, distantes de áreas urbanas, também é um fato notado durante os longos períodos de estiagem, sobretudo nas margens de rodovias.
Na próxima segunda-feira (dia 13 de setembro), a ocorrência de queimadas em biomas será mais bem analisada neste blog, assim como a definição do conceito (bioma) e as implicações derivadas de práticas de queimadas nestas áreas.
Texto produzido por: ALVES, Rafael de Souza. Graduando em Geografia pela Universidade Federal de Viçosa. Membro do Laboratório de Biogeografia e Climatologia – UFV. Contato: rafael.s.alves@ufv.br
Leitura recomendada:
SILVA, Alexandra Souza da. Prática de queimadas e as implicações sociais e ambientais na cidade de Araguaina-TO. Caminhos de Geografia 7 (18) 8 – 16, jun/2006.
TORRES, Fellipe Tamiozzo Pereira. Relações entre fatores climáticos e ocorrência de incêndios florestais na cidade de Juiz de Fora (MG). Caminhos de Geografia 7 (18) 162 – 171, jun/2006.
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