domingo, 20 de janeiro de 2013

Desmatamento na Amazônia


Em 2012, mais de 450 mil hectares de floresta foram derrubados na Amazônia. A porcentagem é 27% em relação à registrada no ano anterior. Mas a situação ainda está longe do ideal. Hoje, Pará é o estado que mais desmata. Quem navega pelas águas mansas do rio Xingu não imagina o contraste. Ao lado da bela paisagem está um cenário desolador. Motosserras não dão trégua e queimadas criminosas deixam a selva em cinzas. Essa região, no Pará, atualmente concentra os municípios que mais destroem a Amazônia brasileira.


“Esse é um desmatamento que está fortemente ligado à ilegalidade. Então, a exploração de madeira é ilegal, a produção de gado é ilegal e a ocupação é ilegal", diz Paulo Amaral, pesquisador da Imazon.
A constatação é do Instituto de Pesquisa Paraense (Imazon) que monitora a floresta há mais de 20 anos. De acordo com os cálculos dos pesquisadores, mais de 80% do desmatamento da Amazônia se acumula nos municípios de Altamira, Itaituba e Novo Progresso.
Em uma operação realizada na região, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobrevoaram as áreas onde a mata está sofrendo todo o tipo de ataque. Formou-se um cemitério na selva. Até o rio morreu junto com a floresta. Em todos os lados há fogo. Em alguns pontos, o excesso de fumaça impede a visão do horizonte.
A Floresta Nacional de Altamirax, no oeste do Pará, é uma região muito importante da Amazônia para a preservação da flora e da fauna, controlada pelo governo federal. Doze pontos foram devastados recentemente dentro da reserva do governo.



 De acordo com o coordenador da operação, o ciclo do desmatamento ilegal repete a mesma tática há muitos anos. "Num primeiro momento chegam os madeireiros, que roubam as madeiras mais nobres para se utilizar nas serrarias. Depois, vêm os grileiros que terminam de devastar a floresta. Depois, tocam fogo e plantam capim para vender para pecuaristas do resto do país”, diz Paulo Maués, analista ambiental do Ibama.
Para garantir a ocupação ilegal, muitas vezes o gado é obrigado entrar com o chão ainda quente. Por terra os fiscais checaram outro ponto de derrubada, identificado por imagens de satélite, que fica encostado na Floresta Nacional de Altamira. Em menos de três semanas, 80 hectares tombaram no lugar. Parte das toras estava pronta para o transporte. O trator foi queimado. O responsável pela derrubada tentou fugir, mas foi alcançado e teve que se explicar ao Ibama.
O helicóptero do Ibama foi à madeireira na região, no município de Novo Progresso, acusada de patrocinar derrubas e comprar madeira de origem clandestina. De acordo com o instituto, quase 70% das toras encontradas no lugar são de procedência ilegal, de áreas sem plano de manejo e até de reservas florestais controladas pelo governo. Mas os madeireiros encontraram uma maneira de tentar enganar a fiscalização.


 Eles emitem as guias florestais no computador atribuindo uma origem falsa à madeira. Parte do estoque, por exemplo, teria vindo da Ilha de Marajó, a mais de mil quilômetros de distância de Novo Progresso. Desse jeito, eles esquentam as cargas que saem de áreas proibidas. "O documento que legaliza essa madeira vem de longe, mas, na verdade, a extração está sendo na própria regia”, diz Cristiano Rocha, agente ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Pará.
As reservas indígenas em território Caiapó são as únicas áreas intactas em São Felix do Xingu, município com 84 mil quilômetros quadrados. A área é quase o dobro do estado do Rio de Janeiro. O desmatamento é proporcional ao tamanho. A cobertura vegetal desapareceu em mais de 20% da área.



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